Ansiedade e Medo: Entendendo e Tratando com Terapias Modernas
Ansiedade e Medo: Entendendo e Tratando com Terapias Modernas
A ansiedade está muito ligada ao medo. Isso pode acontecer porque a parte do cérebro chamada amígdala funciona de maneira diferente em pessoas ansiosas. A amígdala é responsável por processar emoções como o medo. Quando a amígdala e outra parte do cérebro chamada córtex cingulado anterior (ACC) se comunicam muito, as pessoas ansiosas tendem a focar mais em coisas que parecem ameaçadoras ao redor delas.
Existem genes que podem tornar uma pessoa mais propensa a ter ansiedade. Esses genes podem fazer com que a amígdala e outra parte do cérebro chamada hipocampo respondam mais intensamente a situações que parecem perigosas. Um estudo mostrou que, em pessoas com ansiedade, a parte frontal do cérebro avalia os perigos e tenta controlar as respostas exageradas da amígdala, mostrando que essa área do cérebro tem um papel importante na ansiedade.
Lembranças de situações ameaçadoras também podem causar mudanças na forma como a amígdala e a parte frontal do cérebro trabalham juntas. Quando pessoas saudáveis usam canabinóides (substâncias encontradas na maconha), a ansiedade pode aumentar devido aos receptores canabinóides na amígdala.
A ansiedade causada por ameaças e medo também está ligada a inflamações no corpo. Pessoas com traços de personalidade chamados neuroticismo, que tendem a ser mais ansiosas, mostram alterações no ACC quando veem expressões faciais de medo, especialmente quando os níveis de serotonina (uma substância química do cérebro) estão baixos.
Essas respostas exageradas de medo podem fazer com que a pessoa preste mais atenção a ameaças. O "modelo do medo" é usado para entender diferentes tipos de transtornos de ansiedade, como ansiedade social, transtorno do pânico, fobias específicas e transtorno de ansiedade generalizada.
As nossas tendências, como a propensão à ansiedade, são definidas pelos genes que herdamos, mas as nossas experiências de vida é que moldam essas tendências. Para que um gene "funcione" do jeito que deveria, ele precisa de certas condições externas, como a nossa química corporal, condições físicas e outros fatores do corpo.
As pesquisas genéticas têm enfrentado dificuldades quando olham apenas para a localização dos genes. Elas têm tido mais sucesso ao comparar a genética com como o corpo funciona em doenças complicadas, como diabetes, asma, hipertensão e Alzheimer. No entanto, entender transtornos psiquiátricos (como a ansiedade) é ainda mais complicado e requer uma abordagem mais ampla, além de apenas procurar genes específicos.
Atualmente, os estudos focam no conceito de "endofenótipo". Isso significa que eles analisam sinais clínicos, psicológicos, de imagem do cérebro e moleculares para encontrar predisposições genéticas em familiares saudáveis de pessoas com certos transtornos. O endofenótipo é como um "fenótipo intermediário" entre as pessoas com transtornos psiquiátricos e seus familiares não afetados. Ele é mais comum em familiares saudáveis de pacientes com uma doença psiquiátrica específica e menos comum em familiares saudáveis de pessoas sem essa doença.
Por exemplo, uma mudança específica na memória pode ser mais observada em pacientes com esquizofrenia em todas as fases do transtorno, mesmo antes de mostrarem sintomas, e de forma mais leve em seus familiares, mesmo aqueles que não têm a doença. Isso sugere que pode ser um endofenótipo da esquizofrenia.
Para ser considerado um endofenótipo em estudos genéticos, certos critérios devem ser atendidos:
- Deve estar associado a características na população.
- Deve mostrar herança genética.
- Deve estar presente tanto na ausência quanto na presença da doença (como um marcador de vulnerabilidade).
- Deve cossegregar com a característica em famílias, mesmo que não perfeitamente.
Essas informações ajudam os cientistas a entenderem melhor como os genes e as experiências de vida se combinam para causar transtornos psiquiátricos e como podemos identificar quem está em risco, mesmo antes de mostrarem sintomas.
Tratamentos Eficazes para a Ansiedade
Para tratar a ansiedade, existem várias terapias eficazes, como por exemplo: a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a terapia de esquemas. Além disso, técnicas como biofeedback, neurofeedback e neuromodulação por tDCS, têm mostrado excelentes resultados com diversas pesquisas científicas.
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): A TCC ajuda as pessoas a entenderem e mudarem seus padrões de pensamento e comportamento que causam ansiedade. Os terapeutas trabalham com os pacientes para identificar pensamentos negativos e substituí-los por pensamentos mais positivos e realistas.
- Terapia de Esquemas: Essa terapia combina elementos da TCC com outras abordagens para ajudar as pessoas a mudarem padrões de comportamento de longa data que podem ter começado na infância. É especialmente útil para quem tem problemas emocionais crônicos.
- Biofeedback e Neurofeedback: Essas técnicas ajudam as pessoas a aprenderem a controlar funções corporais que normalmente são involuntárias, como a frequência cardíaca e a atividade cerebral.
- Biofeedback de Frequência Cardíaca (FC): Os pacientes aprendem a reduzir sua frequência cardíaca (FC) em direção a uma meta, o que pode ajudar a reduzir a ansiedade. Isso pode ser feito com feedback auditivo ou visual.
- Biofeedback de Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC): Envolve exercícios respiratórios para aumentar a RSA, que é a variação da frequência cardíaca durante a respiração. Os pacientes ajustam sua respiração para aumentar essa variabilidade, o que pode ajudar a reduzir a ansiedade.
- Neurofeedback EEG: Foca no aumento das ondas alfa, que estão associadas a um estado calmo e relaxado. Os pacientes treinam para aumentar sua atividade alfa, o que pode ter um efeito calmante.
- Neuromodulação por tDCS: Esta técnica envolve a aplicação de uma corrente elétrica leve no cérebro, para ajudar a modular a atividade cerebral. Estudos têm mostrado que pode ser eficaz na redução da ansiedade.
Essas técnicas são promissoras e oferecem novas formas de tratar a ansiedade, indo além dos métodos tradicionais. Com mais pesquisas, elas podem se tornar ainda mais eficazes e acessíveis, ajudando cada vez mais pessoas a controlar sua ansiedade e melhorar sua qualidade de vida.
Bibliografia:
Abrisqueta-Gomez J. (2006). Reabilitação neuropsicológica: "o caminho das pedras". In J. Abrisqueta-Go[1]mez, & F. H. Santos, Reabilitação neuropsicológica: Da teoria à prática (pp. 1-14). São Paulo: Artes Médicas.
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ISSN0065-2598 Avanços em Medicina Experimental e Biologia ISBN 978-981-32-9704-3 ISBN 978-981-32-9705-0 (e-book) https://doi.org/10.1007/978-981-32-9705-0